04 outubro 2007

 Bilhete
J.G. de Araujo Jorge


O teu vulto ficou na lembrança guardado,
vivo, por muitas horas!... e em meus olhos baços
Fitei-te - como alguém que ansioso e torturado
Tentasse inutilmente reavivar teus traços...


Num relance te vi - depois, quase irritado
Fugi, - e reparei que ao marcar os meus passos
ia a dizer teu nome e a ver por todo lado
o teu vulto... o teu rosto... e o clarão dos teus braços!


Talvez eu faça mal em querer ser sincero,
censurarás - quem sabe? Essa minha ousadia,
e pensarás até que minto, e que exagero...


Ou dirás, que eu falar-te nesse tom, não devo,
que o que escrevo é infantil e absurdo, é fantasia,
e afinal tens razão... nem sei por que te escrevo!


(Poema de J.G. de Araujo Jorge, extraído do livro
"Meu Céu Interior", 1ª edição, setembro,1934.)


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